Relacionamentos Destrutivos. Príncipe Encantado ou Monstro?

Como cada um se relaciona e constrói relacionamentos amorosos, a palavra amor, tem qual significado em sua vida?

Amamos e somos amados de acordo com o merecimento de cada um?

Amamos e somos amados de acordo com que aprendemos dentro de casa?

Amamos e somos amados independente do que se é merecido e aceito, só se ama e pronto?

Qual o conceito de amor criado em cada relação, amorosa, familiar, de amizade entre mães e filhos, entre pais e filhos?

O amor é debatido a muito tempo como um sentimento, mas eu gosto muito mais da definição de amor como ação, um ato de amor. Palavras são ditas de acordo com aquilo que quero que o outro acredite, ação é a demonstração real do que se sente.

Temos uma cultura para o amor dos contos de fadas, e isso é algo que acaba deturpando a construção de muitas relações, enfatizando a mulher que suporta tudo, espera tudo e precisa conseguir agradar seu príncipe encantado para atrair e merecer o amor dele.

Conseguir compreender os sinais que podem te conduzir para uma relação destrutiva nem sempre é algo tão simples assim, justamente por não começar com abuso, por não começar deforma ruim fica tão confuso conseguir identificar que as coisas não estão mais iguais ao começo do namoro.

O início da relação abusiva se dá com o príncipe encantado, ele é um verdadeiro conquistador, agrada, elogia, presenteia, faz surpresas, no começo ele a coloca num lugar especial na vida dele, como sua única prioridade, fazendo com que ele se torne o centro da vida dela, torna ela  primeiro dependente desse “cara” que parece um sonho.

Exageradamente presente, muitas ligações, muitas aparições surpresas, insistentemente presente, o abuso velado já iniciou, começa a convence-la de que ela não precisa de mais ninguém, que ele sempre fará tudo por ela, portanto aqui começa a iniciar o afastamento das pessoas que ela ama, mas ele vai continuar reforçando que ela não precisa se preocupar ele sempre estará lá por ela, o abusivo sutil já apareceu. Aqui vale ressaltar que nem todo homem que agrada é abusador, mas existe uma característica bem relevante, é que esse momento inicial da relação ele é exageradamente encantador é fora do normal, não existe uma naturalidade nessa construção, não demonstra muita empatia pelas pessoas.

A sutilidade com que as coisas vão sendo construídas é quase imperceptível, mas existem sinais. Nos desentendimentos ele vai justificar se esquivando da responsabilidade, tentando atribuir a culpa a alguém, e convencer a parceira que ele agiu por amor, porque ele ama demais. Se tivermos aqui uma cena de ciúmes com certeza será o que “ela fez” que despertou nele esse comportamento, não se esqueça tudo será justificado em cima desse grande amor que ele sente.

 Em situações de discussões ele sempre será a vítima, vai manipular para convencer a parceira do quanto ele foi injustiçado, para não se responsabilizar por nada, mas vai aparecer aqui um padrão, o ciúmes estará sempre presente, mas esse ciúmes não é necessariamente de outro homem, é da família é dos amigos até dos filhos, outro comportamento padrão é o bate e assopra. Perco o controle, brigo, humilho, acuso, maltrato, mas não só volta para aposição da vítima, como começa a criar os comportamentos agradadores, tudo sempre em nome do amor.

No começo o príncipe encantado, depois o homem que não é perfeito e tem muito ciúme, mas ninguém é perfeito não é verdade ele tem ciúmes porque ama demais. Vou fazer aqui um parêntese para explicar a raiz do ciúmes.

Ciúmes

O ciúmes mora na insegurança de cada indivíduo sobre si mesmo, isso pode ter uma relação profunda com sua própria história de vida para a percepção distorcida que se cria nas relações amorosas. Além de termos no sentimento do ciúme algo que pode ter sido aprendido na sua construção familiar como sinônimo de amor, quem ama sempre sente ciúmes e briga por isso. Sempre existe um grande traço de insegurança por si mesmo, a necessidade de controle sobre o outro para que ele não engane, não traia, é o que leva muitas relações ao colapso, mas vemos aqui algo longe do amor, se existe controle, existe mais obsessão do que amor. Quando a pessoa não se enxerga boa o suficiente para a outra ela sempre vai se sentir ameaçada e fácil de ser substituída, por isso quer controlar todos os passos, para garantir que continue sendo a única opção vai estar sempre presente nessa relação, pessoas com ciúmes exagerado, com alta necessidade de controle, não só dos passos, mas das redes sociais, criam pensamentos paranoicos sobre a relação e a escalada desses comportamentos se unindo a baixa tolerância a frustação, é o que motiva tantos crimes passionais).

Feito aqui uma breve explicação sobre o ciúmes, digo com certeza não existe nenhum comportamento que a mulher acredite que possa mudar ou melhorar que vá evitar futuras crises, ele sempre encontrará um novo motivo. Isso vai acontecer toda vez que ele se sentir ameaçado.

O assunto ciúmes rende muito mais por isso faremos um texto somente sobre esse tema, mas a breve explicação já traz um resumo sobre seus porquês.

Características de Comportamento e Tipos de Abuso.

Um relacionamento construído com uma pessoa tóxica sempre traz uma série de comportamentos bem característicos, pois pessoas tóxicas, abusadoras ou destrutivas, elas possuem um padrão de comportamento vou detalhar como eles podem aparecer na relação.

Psicológico: Pessoas que podem apresentar comportamento relativamente calmo, porém usa sempre palavras que podem conduzir a pessoa para a situação de, baixa autoestima, menosprezo pelas escolhas e decisões, faz parecer que a parceira não é muito boa nas escolhas que faz a respeito da própria vida, não incentiva na realização de sonhos, não incentiva no desenvolvimento pessoal e profissional, menospreza a capacidade financeira dela, e faz ela acreditar que tudo o que ela for decidir precisar passar pela aprovação dele, porque ela não sabe muito bem cuidar de si mesma. Nesse mesmo aspecto temos os mais agressivos, que além de fazer o outro se achar incapaz, usam ofensas e xingamentos com o propósito de humilhar, desencorajar, constrangem, degradar, amedrontar qualquer ação que cause dano emocional.

Sexual: forçar ter relações, exigir que presenciei ou participe de ações que lhe são desagradáveis por meio de ameaça.

Patrimonial: quando o parceiro faz uso e controla do dinheiro do trabalho que a mulher exerce, ou de alguma forma destrói e centraliza para si o patrimônio ou dinheiro da parceira.

Moral: Quando a mulher é maltratada, ofendida, acusada injustamente e humilhada na frente de outras pessoas.

Física: qualquer ação que coloque a integridade física em risco, empurrar, sacudir, apertar, cortar, bater.

Virtual: exigir ter acesso livre a celular, computador, senhas e aplicativos mesmo quando são usados para trabalho.

O mal escondido

Muitas mulheres justificam que os parceiros não batem, por esse motivo acham que não estão em risco, mas os tipos de violência que existem são inúmeras e causadoras de muito sofrimento. Quando a relação é saudável ela não faz você se sentir mal, aquilo que é bom não te faz mal.

Trabalhar na recuperação do psicológico de uma mulher vítima de um relacionamento destrutivo leva tempo, pois a sequela deixada por esse parceiro abusivo é extremamente danosa sobre a psique, causando destruições sobre crenças, personalidade, deixando essa mulher desconfigurada sobre o que antes lhe parecia simples e fácil de perceber.

Essas mulheres chegam ao consultório não conseguindo responder a perguntas muito simples. O que você gosta de fazer? Onde você gosta de ir? Que tipo de música gosta de ouvir? Que tipo de roupas gostaria de usar? Quais são seus amigos?

Tudo isso porque durante a relação ficou sobre responsabilidade do parceiro, era ele quem decidia sobre tudo, e era só sobre o que ele queria fazer.

O assunto é complexo e renderia um livro, abordando todos os aspectos que existe, existem sinais que não podem ser ignorados, e tentar modificar a si mesma para agradar ao outro é uma desordem de pensamento que trará serias consequências.

Os príncipes encantados podem sim virar monstros. Aliás príncipes nem existem!

Lembre-se toda relação que for boa não fará você se sentir mal.

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